quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

BBB é agressão à inteligência, usurpação de possibilidades e delito ético.


Big Brother Brasil estupro
O USURPADOR
Do blog ECOnsciência
O BBB é agressão às nossas inteligências, é usurpador das possibilidades, é um delito ético, para o qual não há hipótese legal ou conseqüência jurídica imediatas, mas conseqüências que decorrem da elevação do que é baixo, um niilismo negativo. Assistir a esse programa é como passear num shopping center ou comprar uma roupa de ‘grife’. Não há qualquer sentido nisso, é a deserção do indivíduo.
BARBÁRIE E BIG BROTHER BRASIL
por Pedro Benedito Maciel Neto *
O fenômeno de audiência verificado no programa “Big Brother Brasil” da Rede Globo segue surpreendendo, especialmente pela ausência absoluta de conteúdo e imensa inutilidade.
Como é possível algo sem conteúdo, forma ou objetivo claro despertar tamanho interesse nos telespectadores? Paul Ricouer na sua obra “Interpretação e Ideologias”, nos oferece uma boa pista: vivemos uma época de absoluta ausência de um projeto coletivo em nossas sociedades.
Aos povos, às sociedades como a brasileira é dado o frágil direito de sonhar a equiparar-se aos Estados desenvolvidos, e a estes resta o aniquilamento das normas e o esquecimento das heranças culturais.
Os Estados, as sociedades subdesenvolvidas almejam equiparar-se a Estados que vivem a desconstrução de suas tradições, um tempo de diluição dos valores, um fenômeno que o filósofo francês chama de “esgotamento” da vida industrial avançada.
Ou seja, há uma inegável contradição em curso que decorre da ausência de projeto coletivo, de um lado, e da exaustão do projeto de outra banda…
O “Big Brother” apenas reflete a absoluta ausência de projeto social, ausência de projeto de atuação individual na sociedade, uma atuação capaz de conhecer e transformar evolutivamente as relações tornando-as generosas e grandiosas.
O BBB valoriza o egoísmo, o individualismo e a ausência de compromisso da Rede Globo com a construção de um país de valores éticos e progressistas.
O mérito do programa – se é que isto seja meritório – está na capacidade de perceber e usar a ausência de projeto social, ausência de projeto de atuação individual na sociedade, preenchendo essa ausência com um entretenimento barato e bárbaro.
Bárbaro sim. Trata-se da barbárie interior, de perda do sentido do início da Civilização. É reflexo do fim da história, negação da arte, falência da metafísica….
Programas como o Big Brother negam o sentido e a possibilidade de construção ética de relações sociais válidas, porque nada é proposto, tudo é posto, não há criação, mas submissão à mediocridade.
Além da barbárie interior está presente também, de forma inexorável, a “morte de Deus” e a própria “morte do Homem”.
O programa submete os valores às regras, mesmo que cruéis, tudo vale a pena pelo prêmio… O prêmio? Dinheiro!
O BBB é verdadeira agressão às nossas inteligências, é usurpador das possibilidades, é um delito ético, para o qual não há hipótese legal ou conseqüência jurídica imediatas, mas conseqüências que decorrem dessa elevação do que é baixo, um niilismo negativo.
O que é dito, o que é passado ao telespectador como bom e válido, é a submissão do indivíduo, da personalidade ao personagem, da vida à morte.
Temos, então, a destruição da razão. Isso é barbárie. Disso nós não precisamos.
Este programa é um desserviço à construção de uma consciência livre, libertadora, libertária e construtiva. É valorizada a regressão do “eu” ao exterior do homem, e o humanismo, contraponto da barbárie, é desconsiderado.
Há ainda a barbárie dos sentidos (feritas), onde vivemos a destruição da possibilidade da percepção dos demais prismas que a existência proporciona a cada um e a todos. Mais, temos a barbárie decorrente da ausência de reflexão, onde as “pessoas comuns” afirmam, pelas suas ações, a perda do sentido da existência, uma inegável vacuidade.
Assistir a esse programa é como passear num shopping center ou comprar uma roupa de “grife”. Não há qualquer sentido nisso, é a deserção do indivíduo.

Pedro Benedito Maciel Neto é advogado, professor, sócio da Maciel Neto Advocacia e autor de “Reflexões sobre o Estudo do Direito”, editora Komedi (2007)

Um comentário:

  1. Marivan ,
    É realmente surpreendente como faz sucesso o tal BBB !
    É como na política , todo mundo fala mal , mas todo mundo quer estar lá ( para tirar proveito )

    abs
    Francisco

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