sábado, 19 de março de 2011

A Banalização das Coisas



Hoje eu vou ser chato. Esteje avisado.
Você já deve ter visto em algum filme ou série a frase “Se todo mundo é especial, então ninguém é especial.” Faz sentido, não? Se tudo é igual, nada é diferente. E ser especial é ser diferente, ser melhor ou destacado de alguma forma.
Do outro lado, temos o que é banal. Segundo o dicionário: trivial, vulgar, ordinário, comum.

And the Oscar Goes To…

PrêmioEu tenho visto proliferar, nos últimos tempos, uma avalanche de “Prêmios” distribuídos entre blogs. Selinhos com design vindo diretamente de 1998 – você sabe exatamente do que estou falando.
A maioria deles, com títulos tão ridículos, que estive à ponto de criar o meu próprio prêmio: “Até que este blog não é uma m*rda!”
Estou falando sério. Mas vamos analisar o caso, antes de que comecem a me jogar pedras.

Prêmio é Que Nem… Cada Um Tem o Seu

PrêmioEu recebi vááááários desses prêmios. E nunca acho tempo para agradecer, responder, repassar. Afinal, comecei a me questionar porquê – afinal, eu valorizo meus leitores e meus colegas blogueiros ao extremo. Então, porque esse descaso com os tais prêmios?
Porque na realidade (e agora sim que vou receber pedradas) eles não valem nada. Não significam absolutamente nada. São uma coisa banal. Qualquer um pode pegar um jpg ou clipart horroroso e criar seu próprio prêmio. Você recebeu um? Fácil, copie o selinho, coloque num post com 3 ou 10 links para seus blogs preferidos, e voilá!
Esse tipo de coisa não faz sentido nenhum pra mim. Que valor teria o Oscar, ou o Pulitzer, ou o Nobel, se qualquer um pudesse criar sua própria versão? E cada um que recebesse o prêmio pudesse repassá-lo para quantas pessoas quisesse?
Eu não desprezo a atenção que me é dada ao me conceder os tais prêmios. Mas fica difícil valorizar uma coisa tão banalizada, tão desprovista de sentido. São links repassados junto com uma imagem. E só. Pra mim, um comentário tem muito mais valor, e está bem acima dos prêmios, na escala de importância.

Memes e Tags

Tags e MemesRelacionado com isso estão os memes. Faz tempo, muito tempo, que não vejo um verdadeiro meme – uma coisa que seja replicada e se espalhe de forma espontânea. Temos muitas tags – coisas que você é convidado a responder. Memes são replicados de forma espontânea, lembra?
E entre as tags, há tempos não vejo nenhuma que me motive a escrever. Nada de realmente novo ou interessante, que vá acrescentar alguma coisa ao blog ou aos leitores.

A Blogosfera Somos Nozes, ou Somos Feijão com Arroz?

Feijão com ArrozA banalização não se restringe apenas a prêmios e “memes”. Tudo acaba se tornando vulgar, comum, coisa corriqueira – desde assuntos e pautas de blogs, até práticas como o “jabá disfarçado”, o plágio e a cópia não autorizada. Somos blogueiros feijão com arroz, cada vez temos mais blogs PF.
Você deve ter notado que eu postei pouco, desde o começo do ano. Além de estar envolvida em vários projetos, que consomem tempo, estive quieta por outra razão. Me questionando: qual é o caminho? Qual é meu papel, nessa zona toda? O que eu quero fazer? O que eu escrevo, tem alguma importância real?
Não estou escrevendo isso para que você me diga “Claro que tem!” e coisas do gênero. Realmente, estou me questionando como produzir algo relevante, provisto de significado, que contribua para o todo. E ainda não achei resposta. Até porquê, essa não é só uma questão pessoal – é uma questão que afeta a Efigênia como um todo.

Os Caçadores da Relevância Perdida

Mapa
Quando eu não escrevo, tampouco leio. Volto hoje a ler meus feeds, e encontro, como de costume, uma sincronicidade (coincidência é o cacete). O Cardoso escreveu:
Ao pessoal da Umbigosfera, vamos levantar um pouquinho o focinho do cocho, que tal sairmos de nossa zona de conforto, de vez em quando?
Ahá! Sair da zona de conforto. Fazer algo diferente, relevante, se arriscar. Mas o quê? Não é tão fácil nem tão simples, né?
E isso me lembra um texto da Lorelle – Fortune Cookie Blogging. Ela fala sobre como é frustrante ler um blogueiro que “fica em cima do muro”, e como esse tipo de blog é irrelevante. Vale a leitura, vale mesmo.
Mas o que realmente me espetou, do que o Cardoso escreveu, foi esta frase:
Vamos parar de perder tempo tentando converter salsinhas que pastam por livre vontade, e vamos dar força a quem tem realmente algo de importante a dizer.
Hum. Quem tem algo de importante a dizer? O que é importante, entre o que eu tenho a dizer?
Um esclarecimento: o texto do Cardoso é sobre uma blogueira cubana, que escreve sobre questões políticas. Eu não creio – e acho que ele também não – que você precisa escrever sobre política para ser relevante, para que o que você diga seja importante. Mas acho que o questionamento dele, o qual casa bem com os meus, é completamente válido para todas as áreas da blogosfera.
E mais uma sincronicidade: Joaninha escreve no Deusario uma Receita Para Criar Relevância, e faz mais perguntas. Eitcha coisa bem complicada, sô.

MicrofoneOnde Estão as Respostas?

Não sei.
Divido com você estes questionamentos, com o intuito de que você pense no caso, opine, tire suas próprias conclusões, divida suas idéias e questões comigo. Meu desconfiômetro diz que estamos longe de encontrar respostas, soluções, rumo.
E você, o que acha?


3 comentários:

  1. Marivan, acho que as coisas se banalizarem pela quantidade da frequência delas, tal como o sexo! Mas, até que as pessoas achem uma coisa relevante e interessante para fazer de novo, vai ser assim! Assim é como o sexo, e eu acho que há poucas coisas que são melhores que sexo...
    Abçs!

    Visita meu blog em novo endereço!

    http://ebraelshaddai.com.br/

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  2. Meu grande amigo seu post nos faz refletir sobre o Universo de muitas coisas bem abordadas em sua postagem, mas mesmo assim eu lhe digo que: tudo que sei é que nada sei, ok!

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  3. AS pessoas banalizam o que e certo, desprezam o que é simples. Tudo que demais... já diz o ditado!

    ótimo post!
    beijos

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